
Você sabe o que realmente a espiritualidade quer?
Quando falamos em espiritualidade, muitas pessoas têm uma visão idealizada, associando-a à imagem de anjos descritos por algumas tradições religiosas, como a católica. No entanto, essa concepção não representa a totalidade do que a espiritualidade realmente é. Se fosse assim, as religiões de matriz afro não existiriam, pois cada indivíduo teria sua própria entidade protetora, guiando-o e suprindo suas necessidades espirituais.
Nos terreiros, como o Centro de Umbanda Caboclo Pena Branca e Vovó Maria Conga, e o Abasé Seu Sete Encruzilhada e Maria Padilha, ensinamos que as entidades estão ao lado do médium, mas não existem apenas para servi-lo. Se as entidades fossem apenas para os médiuns, cada um resolveria seus próprios problemas sem a necessidade de desenvolvimento espiritual, o que não é o caso. O papel das entidades é oferecer aos seus médiuns o que realmente precisam para sua evolução e caminhada, e não simplesmente satisfazer desejos pessoais em troca de trabalho espiritual.
É comum encontrarmos filhos da casa que gastam excessivamente com oferendas, como padês e velas, acreditando que seu aprendizado se resume ao conhecimento teórico. No entanto, aqueles que compreendem a verdadeira essência da religião recebem o que a casa tem a oferecer: caminhos abertos e oportunidades espirituais. Muitas vezes, o que foi necessário para essa transformação foi apenas uma vela ofertada à entidade chefe da casa em sua tronqueira. A religião não foi feita para que as pessoas sejam autodidatas, mas para que sejam sociáveis e participativas dentro da comunidade espiritual.
Uma questão fundamental que todo médium deve se perguntar é: “O que minha entidade realmente quer de mim?”. As entidades não buscam nada além de poder trabalhar, atender as pessoas e gerar movimentação dentro da casa espiritual que compõem. O axé é compartilhado entre todos, e o sucesso de um médium também fortalece a casa e seus membros. Quanto mais pessoas são atraídas e auxiliadas, maior é o campo energético criado, beneficiando a todos os envolvidos.
Um erro comum é a interpretação equivocada dos caminhos abertos pelas entidades. Muitos médiuns acreditam que os recursos que recebem devem ser utilizados para luxos e desejos carnais, quando, na verdade, esses recursos deveriam ser direcionados para estruturar seus atendimentos, garantindo que nunca falte nada em sua jornada espiritual. Quando o médium se desvia desse propósito e usa essas oportunidades de maneira egoísta, a cobrança inevitavelmente chega. E essa responsabilidade não é da casa, do sacerdote ou das entidades, mas sim do próprio médium, que não soube escutar os ensinamentos e direcionamentos recebidos. Aqueles que insistem em agir por conta própria, ignorando a orientação espiritual, cedo ou tarde enfrentarão as consequências de suas escolhas.
Todos os filhos da casa, ao nos procurarem, receberam caminhos e foram livres para decidir como percorrê-los. Um exemplo disso é o caso de uma senhora que frequentava nossas assistências e, após conhecer os relatos dos filhos mais velhos sobre suas experiências positivas dentro da casa, decidiu fazer parte da nossa comunidade espiritual. Mais do que isso, ela trouxe outra pessoa que precisava de atendimento, e assim iniciou-se um novo ciclo de auxílio e fortalecimento do axé. Essa pessoa, ao perceber a seriedade do trabalho espiritual, comprometeu-se a custear as despesas de quem a ajudou em seu momento de necessidade.
Isso sim é o axé em ação: portas se abrindo, caminhos sendo revelados e a espiritualidade manifestando-se de forma concreta. Isso acontece porque essa mulher, mesmo sem ainda ter feito seus votos formais dentro da casa, contribuiu com aquilo que realmente importa para as entidades: a oportunidade de trabalhar e ajudar o próximo. A espiritualidade não se trata apenas de receber, mas de contribuir para um fluxo energético que beneficia a todos. Quando compreendemos esse princípio, a jornada espiritual torna-se mais leve e plena, repleta de crescimento e evolução.
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